Encontro Nacional do PCP – Não ao declínio nacional. Soluções para o País

Com o PCP e a CDU<br> a alternativa é possível

Ana Goulart

De­ter­mi­nação. Esta seria a pa­lavra certa se fosse pos­sível re­duzir a apenas uma pa­lavra a jor­nada do dia 28 de Fe­ve­reiro que juntou no pa­vi­lhão Paz e Ami­zade em Loures, os mais de 2000 par­ti­ci­pantes no En­contro Na­ci­onal do PCP. Con­fi­ança num pro­jecto po­lí­tico, in­subs­ti­tuível e in­dis­pen­sável, para uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, cuja força re­side nos tra­ba­lha­dores e no povo por­tu­guês. «Sim, há so­lução para os pro­blemas do País e uma po­lí­tica al­ter­na­tiva que co­loque como ob­jec­tivos os di­reitos e con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo», afirma-se na re­so­lução apro­vada por una­ni­mi­dade.
Fi­caram a ecoar na sala, como ex­pressão de de­ter­mi­nação e con­fi­ança, as pa­la­vras de Je­ró­nimo de Sousa: «Esta força que trans­porta um caudal imenso de es­pe­rança de que sim, é pos­sível uma vida me­lhor, que é pos­sível uma mu­dança a sério de que o País pre­cisa e cons­truir com o PCP e a CDU um outro rumo e um outro ca­minho de jus­tiça, so­be­rania e de pro­gresso aqui neste chão onde nas­cemos, vi­vemos e lu­tamos como povo que somos, com o povo que temos! Com con­fi­ança!».

 

É pos­sível um outro ca­minho e uma outra po­lí­tica

Sob o lema «Não ao de­clínio na­ci­onal. So­lu­ções para o País», no En­contro Na­ci­onal os 38 anos de po­lí­ticas de di­reita le­vadas a cabo por PS, PSD, com ou sem CDS, e os 28 anos de in­te­gração na União Eu­ro­peia foram re­vi­si­tados; quase quatro dé­cadas de po­lí­ticas de agressão aos tra­ba­lha­dores e ao povo por­tu­guês, quase quatro dé­cadas de re­cons­ti­tuição dos grupos mo­no­po­listas, numa per­ma­nente ce­dência aos di­tames do grande ca­pital, que apro­fun­daram a ex­plo­ração e o em­po­bre­ci­mento das classes la­bo­ri­osas.

«Bem podem PS, PSD e CDS tecer armas sobre quem pior deixou o País, quando todos e cada um car­regam às costas os ins­tru­mentos – do PEC ao pacto de agressão, da moeda única ao Tra­tado Or­ça­mental – que afun­daram Por­tugal e a vida do povo» disse Jorge Cor­deiro, membro da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral, pri­meiro orador no En­contro Na­ci­onal do PCP, ini­ci­a­tiva com que o Par­tido lança a cam­panha para as le­gis­la­tivas de Ou­tubro, sem, no en­tanto, des­curar a im­por­tância das ba­ta­lhas ime­di­atas como a ma­ni­fes­tação na­ci­onal con­vo­cada pela CGTP-IN para o pró­ximo sá­bado, dia 7 de Março.

«O que PS, PSD e CDS querem iludir – pros­se­guiu Jorge Cor­deiro – é que a res­posta aos pro­blemas ac­tuais exige, não o apro­fun­da­mento e con­ti­nui­dade de uma po­lí­tica de­ter­mi­nada pela ló­gica do do­mínio do ca­pital mo­no­po­lista, mas sim a rup­tura com essa po­lí­tica e a con­cre­ti­zação de uma al­ter­na­tiva po­lí­tica, pa­trió­tica e de es­querda vin­cu­lada aos va­lores de Abril. O que PS, PSD e CDS querem es­conder – por mais ar­ti­fí­cios po­lí­ticos, jogos de pa­la­vras ou falsas ilu­sões que se­meiem – é que o PCP se apre­senta como por­tador dessa po­lí­tica al­ter­na­tiva e parte in­subs­ti­tuível e in­dis­pen­sável da al­ter­na­tiva po­lí­tica que urge cons­truir para as­se­gurar o de­sen­vol­vi­mento so­be­rano de Por­tugal».

«É pos­sível um outro ca­minho e uma outra po­lí­tica. Há so­lu­ções e res­postas para os pro­blemas na­ci­o­nais. Há al­ter­na­tiva à sub­missão e à de­pen­dência. Está nas mãos dos tra­ba­lha­dores e do povo dar ex­pressão, com o seu apoio ao PCP, à cons­trução dessa po­lí­tica al­ter­na­tiva. Aqui es­tamos, prontos para as­sumir todas as res­pon­sa­bi­li­dades que o povo nos queira atri­buir, na efec­ti­vação e con­dução de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda», su­bli­nhou Jorge Cor­deiro.

Sim, há so­lu­ções!

«A po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda de que Por­tugal pre­cisa não de­pende apenas do PCP, mas não é con­cre­ti­zável sem o PCP, e muito menos contra ele. Po­lí­tica al­ter­na­tiva, tão mais pró­xima quanto mais ampla for a nossa in­fluência. E tão mais ga­ran­tida quanto, como os tra­ba­lha­dores e o povo sabem, não será nunca o PCP que fal­tará com a sua pre­sença e in­ter­venção a uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda», en­fa­tizou Jorge Cor­deiro, numa alusão à es­ta­fada «la­múria» dos que «para en­ganar dis­traídos», acusam a falta de diá­logo à es­querda para jus­ti­ficar per­cursos de di­reita. «Atra­vessem o rio da po­lí­tica da di­reita, ve­nham para esta margem, para este lado dos que como o PCP pro­põem e lutam por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, e cá nos en­con­trarão», con­vidou o membro da Co­missão Po­lí­tica.

«O rumo de de­clínio na­ci­onal é in­se­pa­rável da in­serção de Por­tugal no pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista eu­ropeu e do apro­fun­da­mento deste pro­cesso», afirmou por seu turno João Fer­reira, ve­re­ador do PCP na Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa e de­pu­tado ao Par­la­mento Eu­ropeu. O re­cente pro­cesso «ne­go­cial» pro­mo­vido pelo go­verno grego junto das ins­ti­tui­ções eu­ro­peias evi­dencia cla­ra­mente que sem rup­tura não há al­ter­na­tiva. Para o PCP – que desde 2007 o propõe – «a saída do euro é ne­ces­sária para li­bertar o País da su­bal­ter­ni­dade, da de­pen­dência e do atraso. Mas deve ter con­di­ções: a cui­dada pre­pa­ração do País; a ar­ti­cu­lação com ou­tras fa­cetas de uma po­lí­tica so­be­rana de de­sen­vol­vi­mento – como a re­ne­go­ci­ação da dí­vida e a re­cu­pe­ração do con­trolo pú­blico do sector fi­nan­ceiro; o res­peito pela von­tade po­pular e a con­dução do pro­cesso por um go­verno em­pe­nhado em de­fender os ren­di­mentos, as pou­panças, os ní­veis de vida e os di­reitos da ge­ne­ra­li­dade da po­pu­lação».

Porém, se a rup­tura com uma União Eu­ro­peia sub­me­tida e sub­ser­vi­ente ao poder eco­nó­mico e fi­nan­ceiro do grande ca­pital mo­no­po­lista é ur­gente e es­sen­cial para a o de­sen­vol­vi­mento e cres­ci­mento eco­nó­mico e so­cial, o PCP aponta so­lu­ções po­lí­ticas para o País, desde a pro­dução na­ci­onal e em­prego, com a ne­ces­si­dade de de­volver ao Es­tado o con­trolo de em­presas e sec­tores es­tra­té­gicos da eco­nomia, até à saúde, edu­cação e se­gu­rança so­cial, pas­sando pela Jus­tiça e com­bate à cor­rupção e pela cul­tura, cuja de­mo­cra­ti­zação é também factor de de­mo­cra­ti­zação da so­ci­e­dade.

«Este é um tempo para os tra­ba­lha­dores e o povo fa­zerem ouvir a sua voz e, com o seu apoio ao PCP e à CDU, pôr fim ao cír­culo vi­cioso da al­ter­nância sem al­ter­na­tiva e abrir portas a uma vida nova de pro­gresso e de­sen­vol­vi­mento para os por­tu­gueses» as­se­gurou Je­ró­nimo de Sousa, re­ce­bendo da As­so­ci­ação In­ter­venção De­mo­crá­tica (ID) e do Par­tido Eco­lo­gista os Verdes (PEV), através de João Cor­re­gedor da Fon­seca e de He­loísa Apo­lónia, res­pec­ti­va­mente pre­si­dente da ID e membro da Di­recção Na­ci­onal e de­pu­tada do PEV, a fir­meza de dar mais força à CDU, e dos par­ti­ci­pantes no En­contro Na­ci­onal a de­ter­mi­nação de pro­varem que «sim, há so­lu­ções».

Ao som da Car­va­lhesa pelo vi­o­lino de Ma­nuel Rocha, da Bri­gada Vítor Jara, o En­contro Na­ci­onal do PCP ter­minou em festa e com a afir­mação da con­fi­ança num pro­jecto po­lí­tico, ga­rantia da al­ter­na­tiva a 38 anos de po­lí­ticas de di­reita.

 



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